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Televisão 3D chega às lojas brasileiras no mês que vem, a tempo das vendas para a Copa do Mundo. Mas os óculos especiais vão custar caro: de R$ 199 a R$ 279

Segunda-feira, 29 de março de 2010


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Pode se preparar para pôr os óculos: as tevês tridimensionais estão chegando. A semana passada foi marcada por dois anúncios nessa área: a rede varejista Fnac cravou em 15 de abril o início da venda de aparelhos da marca LG nas suas lojas, enquanto que a Samsung demonstrou, em São Paulo, as linhas de televisores 3D (três de LED e uma de plasma) que vai fabricar e vender no país, também em abril.

A pressa é grande, tanto pelo lado dos varejistas quanto dos fa­­bricantes. A razão disso é a Copa do Mundo, um dos grandes argumentos de venda de televisores no país desde os anos 70. “Nos anos de Co­­pa do Mundo os vendedores de te­­levisores têm um segundo Na­­tal”, admite Márcio Daniel, diretor de Mar­­keting e Vendas da divisão de Consumer Electronics da Samsung.

Tanto no caso da Samsung como no da LG, o efeito 3D depende do uso de óculos especiais. E não adianta surrupiar um quando for a um cinema 3D, porque não vai servir de nada. As tecnologias são diferentes. No cinema, os óculos são polarizados, e o efeito 3D se faz por uma diferença de cores na imagem projetada, interpretada pelo cé­­re­­bro e entendida como tridimensional. No caso das te­­vês, os óculos usam um sistema chamado de “ativo”, que funciona co­­mo se tapasse um olho por vez, de forma muito rápida, de modo a criar a ilusão do 3D.

E quanto custará tudo isso? A Fnac estima que os aparelhos da LG custarão de R$ 7 mil a R$ 15 mil, dependendo do tamanho e do modelo (em abril chegam duas séries de aparelhos variando de 42 a 55 polegadas; no segundo semestre chega um modelo de 60 polegadas). A empresa não esclareceu se o preço inclui os óculos, ou quantos óculos. A Samsung divulgou que venderá um kit contendo um apa­­re­­lho LED 7000 de 40 polegadas, dois óculos e um leitor de blu-ray compatível com conteúdo 3D por R$ 8 mil – um com blu-ray 3D do filme Monstros e Alienígenas de brinde. A mesma tevê avulsa, fora do kit, custará R$ 5.999,00. Esse é o modelo mais barato, e a empresa não divulgou os preços dos outros aparelhos.

Dois óculos certamente serão insuficientes, então é bom saber quanto eles vão custar – e não vai ser pouco. A Samsung (que fez sua apresentação num evento internacional, em São Paulo, no qual lançou oficialmente 153 novos produtos em diversas áreas) terá três modelos de óculos. O mais barato terá baterias comuns e vai custar R$ 199,00. Um outro semelhante, mas com baterias recarregáveis, sairá por R$ 249,00. E os óculos infantis, menores e coloridos, serão vendidos por R$ 279,00. Ou seja: convidar a turma da escola para ver um filminho em casa vai sair bem, bem caro.

Problema tão complicado quanto esse será o do conteúdo. Há pouca coisa para ver em 3D, por enquanto (leia um pouco mais sobre isso na página 3). Por esse ponto de vista a solução da Sam­­sung é interessante: o aparelho inclui um software que converte o sinal 2D em 3D. É preciso acionar um comando no controle remoto – o que é interessante também porque, se o usuário se cansar, pode eliminar a conversão. O resultado, naturalmente, não é tão retumbante quanto o de uma cena captada originalmente em 3D. Mas é agradável, e os fãs de esportes provavelmente vão apreciar.

Na linha top da Samsung, a LED 9000, o controle remoto é uma atração à parte. Ele tem uma tela touch de 3 polegadas, que lembra um iPhone, e se comunica com a tevê por uma rede wireless com alcance de 25 metros, mesmo com obstáculos. Caso o usuário queira, ele pode inclusive sintonizar um canal de tevê, digital ou analógico, pelo controle. Pode, por exemplo, ver no controle o que está passando em determinado canal, antes de trocar no aparelho de tevê. Além disso, o controle permite buscar conteúdos armazenados em um computador equipado com rede wi-fi, e exibi-lo no televisor. Não precisa nem ser um PC Samsung, basta estar em rede.

Em 2010, empresa quer crescer 70% na América Latina

O presidente da Samsung para a América Latina, Daniel Yoo, fa­­la devagar – o sotaque não permite muita velocidade –, mas quer ir longe. Os planos que apre­­­sentou para o bloco em sua pa­­­lestra no Samsung Forum fo­­ram impressionantes: a empresa quer crescer 70% na AL este ano. O esforço faz parte da meta global de ampliar as vendas de US$ 117 bilhões (valor realizado em 2009) para US$ 400 bilhões, em 2020.

Para isso, o Brasil é peça-chave. Afinal, o país é responsável por 41% do consumo de eletrônicos na região. Para os brasileiros, o projeto da empresa é grande e não se limita à gama de produtos Samsung que o consumidor está acostumado a ver (monitores, im­­­pressoras, DVDs, câmeras, ce­­lulares, tevês e filmadores, basicamente). Yoo anunciou o retorno da empresa a segmentos onde chegou a atuar brevemente, por meio de importações. O mais im­­portante deles é o da linha branca. Geladeiras, condicionadores de ar, aspiradores de pó e máquinas de lavar e secar roupa com a marca estarão em breve disponíveis nas lojas nacionais.

“A Samsung já está bem posicionada na sala de estar do consumidor”, define Mário Daniel, diretor de Marketing e Vendas do segmento Consumer Electro­nics. “Agora estamos retornando de forma consistente para a li­­nha branca.” Daniel observa que esse é um setor que é “puxado” pelo crédito, que está agora abun­­dante no mercado brasileiro. A empresa prevê que as vendas de linha branca no Brasil devem crescer 19% em 2010.

A iniciativa de crescimento da Samsung inclui ampliações nas duas fábricas brasileiras da companhia. A unidade de Ma­­naus recebeu um reforço para aumentar a produção de celulares e para receber as linhas de ar condicionado e de tevês 3D. Já a de Campinas vai crescer para a fabricação de notebooks e netbooks. Os dois modelos lançados na semana passada, entretanto, ainda estão sendo importados, até que a ampliação esteja concluída. A empresa não anunciou os valores investidos, embora tenha re­­velado que a capacidade da fábrica de Manaus dobrou, e que a de Campinas terá de contratar pelo menos 200 novos funcionários.

 

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