Quinta-feira, 03 de março de 2011
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O Itamaraty prepara nesta quinta-feira uma operação para resgatar o mecânico de aviões André Luís Claro Poças, funcionário da petroleira líbia Petroair e que está em Brega, cidade no leste da Líbia alvo de ataques aéreos das forças leais ao ditador Muammar Gaddafi.
Poças é o último brasileiro a pedir auxílio à Embaixada Brasileira na Líbia para deixar o país. Mais de 500 brasileiros, segundo estimativas do próprio Itamaraty, já deixaram a Líbia, que vive uma guerra entre rebeldes da oposição (que controlam o leste) e as forças leais a Gaddafi (que mantém controle de Trípoli e seus arredores).
O brasileiro deve ser levado de Brega à capital Trípoli, sede da embaixada, de onde seguirá para o Brasil. O Itamaraty não divulgou detalhes da operação por questões de segurança.
De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, o embaixador brasileiro na Líbia, George Ney de Souza Fernandes, manteve contato com Poças desde o início da revolta popular e tentou incluir o mecânico no grupo de funcionários de empresas estrangeiras que deixaram a Líbia nas últimas semanas via barco.
A Petroair, contudo, tranquilizou seus funcionários e garantiu que tudo estava bem na cidade. O próprio Poças disse ao embaixador que estava calmo e não se sentia ameaçado até alguns dias atrás --quando relatou ouvir bombardeios e tiroteios na cidade.
Brega é o local onde está a segunda maior instalação de petróleo e é controlada pela oposição desde a semana passada. O ataque à cidade marca a primeira contraofensiva do regime no leste líbio e ilustra as profundas dificuldades que as forças de Gaddafi --uma mistura de milicianos, mercenários e unidades militares-- têm tido em reverter a revolta popular, iniciada em 15 de fevereiro.
Nesta quinta-feira, testemunhas disseram que um avião militar voltou a bombardear Brega após um dia de intensos confrontos. Os ataques teriam tido como alvo o aeroporto da localidade e uma posição rebelde na cidade vizinha de Ajdabiyah, onde o número de mortos subiu para 14 nesta quinta-feira --no dia anterior, autoridades haviam colocado a cifra em dez. Muitos dos opositores que repeliram as forças do governo em Brega vieram da cidade vizinha.
Na véspera, a batalha pela cidade começou logo após o amanhecer, quando várias centenas de forças pró-Gaddafi em 50 caminhões e veículos com metralhadoras invadiram o porto, expulsando um pequeno contingente da oposição e assumindo o controle das instalações de petróleo, porto e pista de pouso.
No entanto, à tarde, eles já tinham perdido suas conquistas e haviam recuado para o campus de uma universidade localizada a 8 quilômetros dali. Lá, eles foram cercados por opositores, que da praia escalaram uma colina para chegar ao campus enquanto eram alvos de tiros de metralhadora, segundo um repórter da agência de notícias Associated Press que estava no local e presenciou a cena. Os rebeldes se esconderam atrás de dunas, atirando de volta com rifles de assalto, metralhadores e lançadores de granadas.
As forças de Gaddafi se retiraram da cidade antes mesmo do anoitecer. As pessoas tocaram buzinas de veículos e atiraram para o alto em comemoração pela vitória.
Fonte: UOL
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