Segunda-feira, 17 de outubro de 2016
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O Dia Mundial da Alimentação é celebrado no dia 16 de outubro e o Paraná comemora a data com o título de maior produtor de alimentos orgânicos do país e o segundo Estado brasileiro com o maior número de propriedades certificadas para a produção de orgânicos. São 1.966 propriedades, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atrás apenas do Rio Grande do Sul.
O Paraná tem uma produção de 130 mil toneladas de alimentos por ano, segundo o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
O bom desempenho do Estado se deve, principalmente, ao Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos (PPCO), o único programa público no País a orientar e capacitar os produtores, auditar e certificar a produção de alimentos orgânicos.
O Programa envolve a Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, por meio das universidades estaduais; o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), que é o órgão certificador.
Só nos últimos quatro anos, foram mais de 290 propriedades certificadas, em todas as regiões paranaenses. A iniciativa não favorece apenas o produtor que tem assistência técnica gratuita, mas também a população paranaense com acesso a alimentos mais saudáveis, produzidos sem agrotóxicos, hormônios ou transgênicos, levando em consideração o meio ambiente e a vida dos agricultores e seus familiares.
Em quatro anos, o Governo do Paraná já investiu no Programa R$ 5,5 milhões que, somados aos valores da fase 3 - que começou em 2016 e segue até 2018 -, totalizam R$ 8 milhões por meio do Fundo Paraná. Até o término da fase 3, a meta é certificar cerca de 1.040 produtores, ressaltando que a certificação é válida por um ano, tendo a necessidade de renová-las a cada encerramento.
O secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, destacou a importância do programa para que o Paraná continue entre os estados com o maior número de produtores de orgânicos certificados. “O programa registra excelentes resultados e contribui para a valorização da produção de orgânicos no estado, por isso estamos trabalhando para a continuidade”, afirma.
O coordenador da Unidade Gestora do Fundo Paraná, Luiz Cézar Kawano, disse que o programa é uma das únicas ações governamentais para o incentivo da produção orgânica no Brasil, fornecendo subsídio e acompanhamento técnico. “Hoje o Paraná tem a maior produção de orgânicos do País, além disso consegue fomentar a inovação tecnológica e a organização de pequenos agricultores para que eles possam melhorar a sua renda e levar à população um alimento de melhor qualidade”, afirmou.
CAPACITAÇÃO E CERTIFICAÇÃO - Os agricultores que pretendem passar da produção convencional para a orgânica são orientados por técnicos e estudantes das sete universidades estaduais paranaenses, que fazem acompanhamento técnico e a capacitação dos produtores. Para que receba a certificação, a propriedade deve atender a uma série de normas, que inclui a troca de agrotóxicos e insumos químicos por técnicas agroecológicas, preservação dos ecossistemas, promoção do uso saudável do solo e da água e adotar critérios de comércio justo.
Na medida em que os profissionais estão interagindo com o produtor, o conhecimento tem chegado a ele e a sua família, e isso tem aumentado o nível de segurança do agricultor em mudar o modelo convencional pelo orgânico, mostrando que dá para ter produtividade, qualidade e mercado.
“Com esse apoio aos agricultores temos conseguido aumentar o número de produtores orgânicos certificados no nosso Estado”, diz o professor Rogério Barbosa Macedo, coordenador do Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
A certificação é auditada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), que é responsável pela capacitação dos bolsistas que atuam no programa. Os alimentos orgânicos produzidos em propriedades rurais e certificados pelo Tecpar podem ser encontrados em três categorias: origem animal, vegetal e em processamento.
Hoje, são 34 bolsistas trabalhando no programa de certificação de orgânicos. Cada uma das sete universidades estaduais conta com um professor orientador, um aluno da graduação e três profissionais recém-formados das áreas de Agronomia, Veterinária e Biologia, que são responsáveis pela orientação e acompanhamento dos produtores.
O Programa também é fundamental para conciliar alunos em fase de graduação e os recém-formados, que integram as equipes que trabalham nos núcleos. Desta maneira, os profissionais ingressam no mercado de trabalho melhor preparados e conscientes da valorização das práticas de produção de alimentos mais saudáveis.
“Temos percebido uma grande mudança do perfil dos estudantes e dos nossos profissionais. Vários estudantes que participaram desse programa estão ligados a grandes projetos de agricultura familiar dentro e fora do Paraná”, destaca o professor Macedo.
AGRICULTURA FAMILIAR - O professor Macedo destaca que o programa é voltado para as pequenas propriedades, fortalecendo o trabalho da agricultura familiar. O modelo de produção orgânico está adaptado à realidade da agricultura familiar, que é extremamente importante econômica e socialmente no País.
“Não queremos substituir o agronegócio, mas dentro do escopo da agricultura familiar ao lado do agronegócio é possível ter uma produção de orgânicos que traga mais renda, mais saúde e mais satisfação ao pequeno produtor”, afirma Macedo.
O Programa faz a certificação para agricultores familiares do Estado de forma gratuita, além de capacitar a comunidade acadêmica para atuação em serviços de extensão rural, formando mão de obra qualificada para o Estado e promovendo a inserção de produtos com o selo “Orgânico Brasil” no mercado.
Com a certificação, os agricultores familiares contam com o incentivo econômico, já que há uma valorização do produto orgânico, e também são habilitados para programas públicos, como a venda de alimentos para a merenda escolar e para o Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.
ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL - Outra iniciativa para fortalecer a produção de orgânicos no Estado é o Mestrado Profissionalizante em Agroecologia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O Paraná foi o segundo estado do Brasil a implantar o curso, em 2014, uma iniciativa pioneira em território paranaense.
Esse mestrado é fruto do trabalho de docentes da UEM e também de professores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e da Universidade da Califórnia (University of California), com apoio da Secretaria do Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
A proposta do curso é fomentar pesquisas em produção agroecológica familiar, aumentar o conhecimento sobre a natureza, o funcionamento e os indicadores de qualidade e de sustentabilidade dos agroecossistemas e apoiar e potencializar a Rede Paranaense de Pesquisa em Agroecologia.
De acordo com o coordenador do curso, professor José Ozinaldo Alves, o objetivo é aliar o conhecimento acadêmico à experiência prática de agricultores, para atender a grande demanda do Estado por profissionais especializados. “A especialização é fundamental para a qualificação dos profissionais que atuam não só em instituições públicas e privadas do estado como também para os pequenos agricultores”, destaca.
Outra iniciativa para incentivar a produção de orgânicos no Estado é a promoção do primeiro Dia de Campo, com tecnologias de produção. A ação acontecerá de 11 a 12 de novembro, na Estação Experimental Agroecológica Terra Livre, em Bandeirantes, no Norte do Estado.
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DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO
A celebração foi estabelecida em novembro de 1979 pelos países membros na 20ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Neste dia promovem-se muitas atividades relacionadas com a nutrição e a alimentação, com a participação de cerca de 150 países. A data também marca o aniversário de 71 anos da FAO, criada em 1945.
O tema escolhido para este ano é “O clima está mudando. A alimentação e a agricultura também”. As estimativas indicam que o número de habitantes do planeta vai superar os nove bilhões de pessoas em 2050, e a FAO calcula que a produção mundial de alimentos vai ter que aumentar em 60% para atender a demanda. Os pequenos agricultores familiares “que produzem a maior parte dos alimentos que consumimos” estão entre os mais afetados pelas altas temperaturas, as secas e os desastres relacionados a uma meteorologia adversa relacionada às mudanças climáticas.
A intenção é refletir e buscar soluções para os desafios do clima no mundo, pensar em como alimentar um número cada vez maior de pessoas, aliando práticas sustentáveis, preservando o meio ambiente e primando por alimentos mais saudáveis e livres de agrotóxicos.
Para o professor Rogério Barbosa Macedo, é possível ter essa relação. Na medida em que se tem uma tecnologia adaptada a uma realidade socioeconômica e ambiental respeitando as características de cada região, o que dá uma característica de maior sustentabilidade para este tipo de produção. “Entre os princípios da agricultura orgânica está o respeito às condições diferentes que a gente encontra no planeta terra”, enfatiza.
Fonte: AEN-PR
Última Atualização do site: 29/10/2024 15:48:36